EDITORES DE LIVROS LANÇAM MANIFESTO EM DEFESA DO CORREIO ESTATAL


Publicada dia 28/07/2021 17:11

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Eles são milhares de pequenos e médios produtores de livros didáticos no país, dependem da entrega nacional feita pelos Correios e sabem que se houver privatização vão perder o serviço de qualidade e preço acessível realizado através uma malha logística sofisticada e única e por uma empresa comprometida com o país, voltada a atender as necessidades da população e dos produtores nacionais, não apenas o lucro.

A Liga Brasileira de Editoras (Libre) se uniu aos grupos Coesão Editorial e Minas pelo Livro, num total de mais de 300 editoras, para compor um manifesto contra a privatização dos Correios. Em todo o país são milhares de editoras desse porte que podem brevemente se juntar à iniciativa.

São empresas pequenas e independentes que produzem livros didáticos e precisam dos serviços dos Correios para a entrega em todos os municípios brasileiros. Por isso são contrários ao PL 591/2021, que prevê a venda dessa estatal essencial para o país, sua população e para os pequenos negócios, os que mais geram empregos.

Se privatizar, não vai chegar livro

Os produtores sabem que sem os Correios, os livros não mais chegarão a todos os lugares do país por um preço razoável. O impresso com registro módico, produto para envio de livros com preço econômico, não seria praticado por nenhuma empresa privada e os preços explodiriam.

Isso inviabilizaria os negócios das pequenas e médias editoras nacionais e abriria espaço para as gigantes internacionais, que já estão se instalando por aqui interessadas em dominar o mercado editorial brasileiro.

Seria um enorme prejuízo para a economia nacional, para a geração de emprego em território brasileiro, para o recebimento de livros por comunidades pobres e distantes e para o próprio ensino, pois os conteúdos ficariam mais próximos do que os países ricos querem que os pobres aprendam, ou seja, a serem dominados e submissos.

A logística garantida pelos Correios como empresa estatal ficará comprometida quando interesses privados julgarem a viabilidade econômica da capilaridade dos Correios e submeter essa decisão ao Conselho Administrativo de uma empresa sem compromisso com o país, apenas com o lucro imediato”, diz o documento.

Leia abaixo a íntegra do manifesto: Não à privatização dos Correios!

POSICIONAMENTO DA LIBRE – LIGA BRASILEIRA DE EDITORAS E DO GRUPO MINAS PELO LIVRO – SOBRE O PROJETO DE LEI 591/2021

Assinam também este manifesto os coletivos Minas pelo livro e Coesão Editorial, além de 83 editoras independentes

Nas próximas semanas ou após o fim do recesso parlamentar, começarão os embates sobre a privatização dos Correios na Câmara dos Deputados, que discute o projeto de lei 591/2021.

A Libre – Liga Brasileira de Editoras acredita que a simples proposição desta privatização é um equívoco, com impacto negativo para a circulação e para a composição final do preço do livro no país. Por isso, e por acreditar que a proposta não deve prosperar, nos posicionamos claramente contra a privatização.

Os Correios são uma das instituições públicas mais antigas do país. Foram um elemento fundamental no processo de integração territorial brasileiro. Além disso, é uma empresa lucrativa, com lucro líquido de R$ 1,5 bilhões em 2020.

Como já apontou o pesquisador Igor Venceslau, “a maioria dos países tem absoluta noção do que significa para a soberania nacional entregar um serviço estratégico para uma empresa privada, principalmente no caso de empresas estrangeiras como FedEx, DHL ou Amazon, que já anunciaram interesse na compra dos Correios”.

Segundo Venceslau, a tentativa de privatizar os Correios põe em jogo não apenas o fluxo de mercadorias e a articulação espacial do país, mas também, e principalmente, “as informações do cadastro de endereços e o que chega aos domicílios. O princípio da inviolabilidade postal não estaria garantido em empresas que já demonstraram como tratam os dados dos consumidores”.

É importante levar isso e muito mais em conta quando se pensa na venda dos Correios.

Para os editores, está em jogo também a garantia de que os livros continuarão a chegar a todos os lugares do país por um preço razoável_. A logística garantida pelos Correios como empresa estatal ficará comprometida quando interesses privados julgarem a viabilidade econômica da capilaridade dos Correios e submeterem essa decisão ao Conselho Administrativo de uma empresa sem compromisso com o país, apenas com o lucro imediato.

Hoje, os Correios estão presentes em todos os municípios brasileiros: uma empresa privada manterá essa rede operante?

Todos já tivemos problemas com os Correios. Até por conta da quantidade de tarefas que ele se propõe a fazer. Mas nada garante, pelo contrário, que tal empresa, privatizada, terá serviços melhores.

O que está por trás da venda dessa empresa pública é tremendamente prejudicial para a sociedade brasileira. Muitos pequenos empreendedores, como nós, editoras pequenas e independentes, sobretudo os que estão fora do eixo Rio-São Paulo, junto de autores e autoras independentes, sofrerão com possíveis aumentos de tarifas e a exclusão dos envios exclusivos para livros ou documentos, que nos possibilitam enviar livros para todo o país num preço dentro de uma categoria módica, buscando amenizar o valor o frete.

Os prejuízos da privatização dos Correios são enormes e em muitas frentes.

A Libre, assim, em defesa da democratização do acesso ao livro e à leitura, em defesa dos pequenos e médios editores, e na luta contra a privatização dos dados pessoais dos brasileiros, se posiciona de forma contrária ao proposto no projeto de lei 591/2021.

#nãoaprivatizaçãodosCorreios

Fonte: FINDECT

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